sábado, 1 de janeiro de 2011

"Será que a dor é que tem poder de dar majestade ao amor?" - Gabriel Chalita


Enquanto vivermos haverão decepções. Não importa quando: cedo ou tarde você vai se decepcionar com as pessoas que ama assim como, provavelmente, elas já se decepcionaram com você. Quem dera a vida tivesse a tecla DEL e pudessemos excluir todas as decepções que sofremos e tudo o que fizemos que causou sofrimento em quem amamos. Mas ao mesmo tempo penso que as dores que sentimos são válidas para nos fortalecer. São elas que nos ensinam que a vida não será como nos filmes. Ah, quem dera se houvesse sempre um final feliz pra cada história...

Como diria Sartre: "O inferno são os outros." E assim o são justamente porque projetamos nos outros nossa realização e aguardamos deles uma ação que amenize o vazio que nos habita. Isso não é possível. Porque cada um TEM que experimentar o território sagrado do silêncio e da solidão. E cada um, para existir de fato, tem de dar conta do próprio vazio. Uma lei pra ser feliz: nunca esperar muito dos outros. Assim você não se decepciona tão facilmente.

Mas, se não houvessem os invernos da vida, não haveria esperança de primaveras cheias de flores, de sorrisos e alegrias. Apesar de doer, a decepção serve pra que aprendamos a não esperar muito dos outros, não depositemos neles todas as expectativas e depois pensemos: "Como isso poder acontecer?" Porque a partir do momento que você existe, você comete erros. De fato necessitamos de demonstrações de afeto mas não podemos viver em função disso, em função do que o outro "pode" fazer por nós, e esperar que ele aja exatamente como queremos. Isso é ridículo. E mais ridículo ainda é saber que todo mundo põe sobre o outro todas as expectativas e quando se frusta faz de conta que não sabia que seria assim. No fundo todos sabemos como funciona, mas insistimos em fazer de conta que não sabemos pra quem sabe, vivermos uma história de cinema. Mas histórias de cinema duram em média algumas horas. Deve ser por isso que é tudo tão perfeito.

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